Valônia, na Bélgica, quer ser porta de entrada de empresas brasileiras na União Europeia

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Uma região pequena, mas que dá acesso a um dos maiores mercados do mundo. É assim que a Valônia, região do Sul da Bélgica, está buscando se mostrar a empresas que têm interesse em vender seus produtos para a União Europeia. Sua localização – entre as maiores zonas habitadas da Europa, a excelente infraestrutura logística, os incentivos governamentais e um ecossistema empresarial voltado à inovação são os principais atrativos oferecidos aos investidores. 

A região é sede de importantes polos competitivos em aeronáutica e equipamento espacial, agroindústria, biotecnologia, engenharia mecânica e tecnologia ambiental. No entanto, sua principal vitrine para a atração de investidores são os serviços de logística e transportes. “Temos uma logística multimodal realmente moderna, que permite às companhias acesso fácil a cerca de 400 milhões de consumidores com alta renda no coração da Europa”, afirma Pascale Delcomminette, CEO da Agência de Exportação e Investimentos Estrangeiros da Valônia (Awex), organização que dá apoio às empresas interessadas em investir na região e que faz a intermediação com órgãos governamentais e instituições privadas da Valônia. 

Intercâmbio comercial é forte com o Brasil 

Em 2018, a Bélgica foi o oitavo maior parceiro comercial do Rio Grande do Sul, com exportações de US$ 472 milhões, montante 8,3% maior do que o registrado em 2017 (US$ 436 milhões). No entanto, esse valor representa apenas 2,2% das exportações totais do Estado no ano passado (US$ 21,014 bilhões). Os principais produtos exportados para o país são químicos e tabaco. 

No acumulado de janeiro a agosto de 2019, a Bélgica ocupou a quinta posição entre os compradores de produtos gaúchos, com US$ 385 milhões, valor 49% maior do que no mesmo período do ano passado (US$ 258 milhões). 

O país participou de 3,1% do total das exportações gaúchas nesses oito meses (US$ 12,215 bilhões), ficando mais bem colocado do que países próximos, como Chile (US$ 374 milhões), Uruguai (US$ 267 milhões) e Paraguai (US$ 240 milhões), ou tradicionais compradores, como Arábia Saudita (US$ 244 milhões) e Coreia do Sul (US$ 236 milhões). 

Já em nível nacional, de janeiro a agosto, o Brasil exportou US$ 2,079 bilhões para a Bélgica, valor 2,24% maior que no mesmo período do ano passado. O país ficou em 14º lugar no ranking de exportações brasileiras no acumulado deste ano, representando 1,4% do total das vendas externas. 

Os principais produtos brasileiros exportados para a Bélgica foram suco de laranja congelado e não congelado (22,3%), fumo (16%), café (10%), celulose (4,5%) e polímeros (4,3%). 

Em relação às importações, o Brasil comprou US$ 1,150 bilhão da Bélgica entre janeiro e agosto, queda de 1,26% em relação ao montante no mesmo período de 2018. O país ficou em 23º no ranking de importações brasileiras, representando 0,98% do total de nossas compras externas. 

Os principais produtos belgas importados pelos brasileiros entre janeiro e agosto deste ano foram medicamentos (19%) e inseticidas, formicidas, herbicidas e itens semelhantes (6%).  

O que é a Valônia? 

Com 16,8 mil quilômetros quadrados (km²) e 3,58 milhões de habitantes, a Valônia representa 55% do território da Bélgica (que possui 30,7 mil km²), mas apenas um terço de sua população (11,4 milhões). Como comparação, a Região Metropolitana de Porto Alegre possui 10,3 mil km² e 4,3 milhões de habitantes. 

Marcada como a região da população que fala francês na Bélgica (enquanto os habitantes da região de Flandres, no Norte, falam flamengo, uma língua parecida com o holandês), a Valônia, no século XIX e início do século XX, tornou-se uma das regiões europeias mais prósperas. Foi o segundo lugar do mundo a passar pela Revolução Industrial, depois do Reino Unido, aproveitando suas vastas riquezas em carvão e minas de ferro. 

No entanto, depois da Segunda Guerra Mundial, a região entrou em processo de desindustrialização e declínio da atividade mineradora, sendo ultrapassada por Flandres em Produto Interno Bruto (PIB) per capita. O fim da era industrial está levando a Valônia a buscar uma redefinição econômica, voltada especialmente para os setores de tecnologia e serviços. 

Foto: Michiel VerbeekWikimedia commos/divulgação/Jc 

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