Os Murais deCleverson de Oliveira
Lacuna entre ricos e pobres
A imagem que o artista vem colorindo e dando vida a cafés e muros em Bruxelas e região está associada às favelas, atrás delas, vem os exuberantes condomínios, prédios visto de longe. A sociedade esculpiu simultaneamente um estereótipo profundo que permanece até hoje e involuntariamente destacou a enorme lacuna entre ricos e pobres.
Em entrevista para AB Classificados, o artista responde as questões do seu trabalho que tanto retrata sobre estas simples construções aglomeradas.
AB – Por que tantas favelas são representadas em seus murais?
Cleverson – A favela sendo “normalmente” vista e respaldada na rejeição, sempre indaguei em tudo o que via, me sentindo questionado nas fotos ou na realidade vivida no Brasil, assim ultrapassando valores impostos na sociedade patriarcal entre ricos e pobres. Porém, destaco que parte da favela é violência, sim. Mas ela é muito mais do que isso. Também tem pessoas honestas, trabalhadoras, que estão tentando viver uma vida melhor. Desta forma, se a favela pode ser entendida como esperança e resistência em face da violência e da desigualdade, então eu diria que ela representa algumas partes do Brasil muito bem. Eu não quero generalizar, pois uma das coisas que eu amo sobre o Brasil é que em todo lugar para onde olho há um Brasil diferente para conhecer. Exemplo são estes outros murais que pintei retratando o Brasil!
AB – O que pretende diferenciar nas suas obras e da realidade atual?
Cleverson – Quero trazer as favelas coloridas alegres, roupas no varal, chão estrelado, troca de afetos, sensualidade, uma obra de arte humana, uma obra arquitetônica sem projeto.
AB – Em alguns de seus murais, retratou o Rio de Janeiro visto do lado “pobre”. Por quê?
Cleverson – Gosto de ser realista na minha arte, o belo já existe, o humano, reiventam todos os dias.