São elas que estão à frente da nova Churrascaria Bar Brasil Grill

São elas que estão à frente da nova Churrascaria Bar Brasil Grill 

“A sensação de fazer o que amamos não tem preço” 

Dirce Martins de Souza, Dona Didi, chef de cozinha desde os 18 anos de idade, traz no sangue o prazer de cozinhar. Seu apelido tem fama bem antiga no cenário gastronômico brasileiro em Bruxelas e região. 

AB classificados – Quem é a chef dona Didi? A senhora começou na cozinha por acaso. Acredita que o destino tinha esse caminho reservado para a senhora? 

Didi – Sim. Quando fiz 16 anos, fui morar com uma família tradicional de São Paulo. A minha  patroa notou meus dotes culinários e  matriculou-me  na tradicional escola Anhembi Morumbi,  onde adquiri o diploma de chef de cozinha aos 18 anos. Depois, retornei para Uberlândia e procurei continuar fazendo cursos e me integrei na escola Senac. Alguns anos depois, eu abri meu próprio restaurante, no ano 2000, cujo o nome era Chega Mais, no bairro Brasil. 

A comida mineira com sabor especial preparada por Dona Didi se espalhou agradando a todos. 

Na Bélgica 

Em 2003, vim para Bruxelas e comecei a trabalhar em alguns restaurantes brasileiros. Minha filha Alessandra abriu o restaurante Pilão Mineiro e fui trabalhar com ela. Entre estas “rodadas”, participei também de várias festas latinas e alguns eventos que eu mesma promovia, como o “Almoço da Didi”, que era somente em datas temáticas especiais. Ainda hoje preparo pratos para clientes, monto buffet em casa de clientes e em salas para eventos como aniversários, casamento, batizado e também preparo comida congelada, que a clientela leva para casa. Agora, com a abertura do restaurante Brasil Grill, serei a chef de cozinha e terei que diminuir o trabalho, talvez ficando com alguns clientes antigos. 

AB- Qual é seu prato preferido? E qual mais gosta de cozinhar? 

Didi – Meu prato preferido é bacalhau, mas gosto de cozinhar a feijoada com carnes defumadas e por estes ingredientes é que conquisto também os clientes belgas. 

AB – O que a gastronomia brasileira tem que os outros países não têm? 

Didi – Somos um país continental, com uma cultura rica e diversa e o mundo quer nos conhecer, mas antes nós mesmos temos que nos conhecer para poder nos apresentar ao mundo de verdade. Temos ingredientes, produtos e pratos incríveis para mostrar ao mundo. A biodiversidade, e não o petróleo, é nossa maior riqueza, é o tempero… assim que eu penso!    

AB- Algum ingrediente já mudou o seu modo de preparar pratos? 

Didi – Meu tempero é diferente, uso muito azeite, queira ou não, é melhor e o sabor modifica. A comida fica mais leve, porque muitos usam óleos sem qualidade. Ingredientes diversos na combinação de cada prato. Tudo tem sua dosagem com leves pitadas. 

AB – A senhora faz pratos mais populares. Há alguma diferença na hora de cozinhar para públicos variados? 

Didi – Sim, para os belgas é mais sem sal e pouca gordura, para as crianças, comida mais leve sem muito tempero. 

AB – Qual é a sua principal dica para quem está começando a cozinhar? 

Didi – Cozinhar com amor e carinho. Tentar guardar a simplicidade e valorizar a qualidade dos produtos. 

AB – O fato de as pessoas terem menos tempo para cozinhar as leva mais aos restaurantes?   

Didi – Sim, tudo muito corrido, então é barato ir ao restaurante por aqui, fica mais barato comer na rua do que comer em casa. 

AB – O que te dá mais prazer e o que é mais difícil nessa carreira gastronômica? 

Didi – O que me dá mais prazer é passar para o meu cliente e para a equipe de trabalho o respeito que eu tenho pelo que eu faço. Eu sou chef e sou simples. 

AB – Você já cozinhou para alguém que sempre admirou? 

Didi – Admiro os cantores Zezé  de Camargo e Luciano. Eu tive esse prazer. 

AB – Que tipo de culinária está em alta?  

Didi – A moda agora é a alta gastronomia, que significa alta qualidade, altas técnicas e produtos incríveis nas mãos de chefs que fazem coisas maravilhosas. A cozinha do Peru está muito popular no mundo inteiro, a da Espanha, sempre popular, do Sul da Itália e Sul da França também. 

A cozinha do Brasil está começando a chegar na nossa conversa junto aos belgas. O problema é que os brasileiros precisam identificar a cozinha regional de uma forma melhor e abraçá-la, amá-la, ao invés de tentar transformá-la em outra coisa. Precisamos ter orgulho da cozinha caipira, de Minas Gerais e Goiás, um pouco da cozinha paulistana, carioca e da baiana, pratos clássicos que têm uma conexão com a cultura, e introduzir novas técnicas, toques de alta gastronomia em todas.  

AB – Então não é transformar nossa história, mas adaptá-la, lapidá-la?  

Didi – A gente não quer trocar nada. O que nos faz brasileiros somos nós mesmos. Precisamos abraçar nossa gastronomia e adorá-la da maneira como é. O que precisamos fazer é elaborar melhor, transformar e dar uma nova maquiagem, lapidar, envolver, crescer da maneira como o mundo gastronômico está crescendo, mas nunca perder o charme, o tempero com o cheiro da nossa cozinha.  

Qual prato é o carro-chefe do Brasil Grill? 

Toda comida tradicional do Brasil, em especial mineira e goiana, mas sempre com pratos representativos de alguns estados de norte a sul do nosso país. 

Mãe e filha, unidas sempre, retomam o trabalho juntas no Brasil Grill 

Alessandra Martins, filha da dona Didi, foi proprietária do restaurante Pilão Mineiro em 2010 aqui em Bruxelas. Sempre apaixonada pela culinária da mãe, ela investe para vê-la  feliz e  fazer outros felizes, pois sabe da capacidade que ela tem ao colocar a “mão na massa”. “Ela é ótima. Quem experimenta retorna e pede mais”, afirma Alessandra com risos. 

Estaremos juntas, e com certeza vocês vão amar nosso espaço e, lógico, nosso buffet! 

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